sexta-feira, 18 de abril de 2014

O Gato Dourado

Uma história verdadeira...

Supostamente todas as histórias começam por 'Era uma vez...', esta não! Porque não é uma história de encantar, é uma história que simplesmente sucedeu.

Gosto de gatos, bichos de natureza felina, olhar penetrante e meigos...quando lhes apetece.

Um dos meus gatos foi criado comigo desde do 1º mês de vida. Miava muito e alto, andava sempre atrás de mim pela casa e aos fins de semana tinha direito andar de carro. De seu nome 'Dourado'  - em resultado da sua pelagem ginger

Gato DouradoAo crescer passou a querer passar mais tempo na rua, armado em gato grande e dominador do território e das gatas da vizinhança. Só aparecia na janela da cozinha, qual relógio britânico, para as refeições e sestas. 

Alguns anos passaram, mais precisamente três. As rotinas foram-se instalando e também algumas brigas entre o Dourado e um gato siamês de algures que surgia para o irritar. Claro que ia sempre apartá-los e, tal como uma criança....não queria dar parte fraca de 'menino da mamã' mas agradecia, entrando em casa e ventando contra a porta fechada. Estão a ver um cruzamento de Garfield com Gato-das Botas?

Gato DouradoNo final de Fevereiro, princípios de Março,ainda tinha no pêlo o 'Janeiro dos gatos' e cada vez mais aumentava a área das suas deambulações. O Dourado interrompeu as suas rotinas e deixou de aparecer. Assim passaram 4 dias, 1 semana, 3 semanas. Dias com chuva e frio e nada do Douradinho-Dôdô. Para tristeza de todos, mentalizámos que o Dourado tinha morrido, atacado por animal, caído num poço ou apanhado uma panada de um carro.

O James teve que ser operado, fui levá-lo à Clínica e só regressei a casa depois da operação ter terminado. - a duração do jogo Real Madrid a jogar (sem o CR7) contra o Dortmund perde por 2 aos 90'. Eram umas 23 e qualquer coisa quando estava a uns 2 ou 3 Km's de casa. Sabia que ainda precisava de ir à Vila mas ía mentalmente, a pensar nas coisas que precisava fazer no dia seguinte...Falho a saída da rotunda para casa e sigo no sentido da Vila. Abrando o carro e dou por mim a pensar 'tás mesmo cansada, volta para trás!' e claro, fiz a inversão de marcha, só que em vez de entrar na rotunda, cortei por uma estrada de atalho...e passo por um gato mesmo na berma da estrada e...paro. 

Faço marcha atrás e fico a olhar para o gato...a pensar 'e se for ele...não pode...ele morreu! Estamos a 2 km's de casa, é possível um gato fazer este percurso.' Saio do carro...e dirijo-me ao gato que fica imóvel. Começo por colocar-me de cócoras e digo: Douradinho! ....o gato mia e quer vir ao me encontro mas assusta-se. Sigo-o e volto a chamar: Douradinho, dôdô! O gato simplesmente salta para o meu colo e pede festas na cabeça.

Só me ocorre: vou agarrá-lo e levá-lo para o carro mas vou sair arranhada...não pode ser ele. Assim que o agarro, não pelo cachaço mas pelas patas. Deixa-se levar, entra no carro e, por incrível que pareça, acomoda-se no banco de trás e nem um miar deu.

Não posso acreditar que ao fim de um mês o encontrei, magro, sujo, arranhado mas com o mesmo olhar doce. Assim que entra em casa, quer subir logo as escadas e quando entra no meu quarto, o quarto das suas sonecas...mia, salta para a cama 'cheguei a casa'. O mais incrível ainda, foi quando fui tomar um banho e ele queria também tomar banho, miava 'eu não sou assim, estou sujo mas não sou eu'... Dei-lhe banho depois e adorou, começou a lamber-se, a tentar relembrar a sua incrível auto-estima. Já passaram 10 dias depois do regresso, não quer ir à rua - excepto para a suas...necessidades.Ainda está débil e psicologicamente afectado. Anda sempre atrás dos nossos pés para todo o lado.

Se não estivesse cansada, se não me tivesse enganado na saída da rotunda, passava ao lado dele e nem nunca imaginaria que ali estava. Há momentos, frações de sorte!! É preciso acreditar...O Gato Dourado está de volta!

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